FESTIVAL INTERNACIONAL DE MÚSICA DE VERÃO DE PAÇOS DE BRANDÃO (Santa Maria da Feira, Portugal)
22 de Junho de 2013, 18:00 / June 22nd, 2013, 6:00pm
Auditório da Academia de Música de Paços de Brandão / Auditorium of the Music Academy of Paços de Brandão
“Duetos Imprevistos”
António Carrilho, flauta de bisel e Eagle recorder / baroque recorder and Eagle recorder
Pedro Carneiro, marimba e percussão / marimba and percussion
PROGRAMA /// PROGRAM
Estampita medieval
Tre Fontane
flauta de bisel e percussão / recorder and percussion
Virgílio Melo
Remember
flauta de bisel solo / recorder solo
Moritz Eggert
Narziss
flauta de bisel e percussão / recorder and percussion
Arcangelo Corelli
La Follia
flauta de bisel e marimba / recorder and marimba
Yasuo Sueyoshi
Mirage
marimba solo
Astor Piazzola
Bordel – 1900
Café – 1930
Nightclub – 1960
Concert d’haujord’hui
flautas de bisel, Eagle recorder e marimba / recorders, Eagle recorder and percussion
Notas de programa
A flauta de bisel e a marimba/ percussão, são instrumentos que fazem parte do imaginário de qualquer criança. O instrumental Orff utilizado nas aulas de iniciação musical e formação musical em muitas escolas do ensino geral e mesmo a nível da iniciação nas escolas de música,pressupõe a utilização de instrumentos vulgarmente tidos como facilmente executáveis.
A primeira obra do programa, a Estampita Medieval Tre Fontane, uma dança rápida executada outrora por jograis,dá-nos a conhecer à simbiose da junção melódica da flauta de bisel com a parte amplamente improvisada das percussões, num verdadeiro jogo de vivacidade. É constituída por uma sequência de variadas secções profusamente ornamentadas e rítmicas, todas convergindo num refrão inconclusivo (“Aperto”) até que o refrão conclui-se, anunciando o final da obra (“Chiuso”).
Remember, de Virgílio Melo, é uma homenagem ao famoso lamento de Dido da ópera “Dido and Aeneas” de Henry Purcell. Baseado na sucessão de notas do baixo “ostinato” do famoso Ground, com a junção da voz num lamento exponenciado do queixume da perda do objecto de amor, reporta-nos a sensações acutilantes de dilaceramento da alma.
Moritz Eggert, com Narziss, uma peça vigorosa e demonstrativa das capacidades virtuosísticas dos intérpretes, amplamente rítmica e com um espectro dinâmico que vai do inaudível pianíssimo ao forte absoluto.
Nas obras de referência do período barroco mais importantes, encontra-se a famosa La Follia de Arcangelo Corelli. A obra baseia-se num tema com 32 variações de grande virtuosismo para ambos os instrumentistas. Originalmente escrita para violino e baixo continuo apresentamos uma versão revolucionária. Esta dança de origem Portuguesa, La Follia (loucura) , alterna entre momentos de fluidez e languidez, num turbilhão deemoções, cores e… muita loucura.
Yasuo Sueyoshi com a sua Mirage para marimba solo presenteia-nos com a arte teatral tradicional japonesa, num desafio técnico constante ao intérprete. Tem quatro partes distintas ligadas por momentos abruptos de fortíssimos e ornamentações potenciadas ao extremo.
Astor Piazzolla, com a sua História do Tango, leva-nos numa viagem pelo mundo de Buenos Aires, a origem desta dança. Dividido em quatro andamentos distintos, demonstra a vivacidade e força do tango dançado em Bordel-1900. Já em Café 1930, uma fase em que o tango deixou de ser dançado e passou a ser simplesmente ouvido e apreciado numa perspectiva romântica. Lento. A par e passo com a bossa nova, o novo tango Night-club 1960 assume uma força e precisão rítmicas influenciado pelo ritmo Brasileiro, velocidade e vigor. Com a quarta e última parte, Concert d’aujord’hui, rapidíssimo e forte, “marcatto” e com variação de compassos, adquire reminiscências da música moderna. Quatro partes, quatro pontos, quatro momentos, um deleite para o espectador.